René Padilla: “Somos cidadãos do Reino de Deus e do mundo”
Entre os dias 26 a 29 de junho foi realizado o Congresso Miqueias Caminhos da Missão: A Igreja e seu tempo, na Igreja Batista da Praia do Canto (IBPC), em Vitória (ES). A palavra de abertura e a exposição bíblica do último dia do congresso foram feitas pelo teólogo equatoriano René Padilla. Bacharel em filosofia, mestre em teologia pelo Wheaton College (EUA) e doutor em Novo Testamento pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, René Padilla nasceu no Equador e há muitos anos vive com a esposa Beatriz em Buenos Aires, na Argentina. Foi secretário geral para a América Latina da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, e posteriormente, membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL). Tem dado conferências e ensinado em seminários e universidades em vários países ao redor do mundo. Atualmente, é o presidente honorário da Fundación Kairós, em Buenos Aires, e tem vários livros publicados em diferentes idiomas. Entre eles, os mais conhecidos são “Missão Integral – O Reino de Deus e a Igreja”, “O que é Missão Integral?” e “Deus e Mamom”.
Confira abaixo uma entrevista exclusiva com René Padilla realizada durante o Congresso Caminhos da Missão.
Como o senhor avalia a importância deste Congresso para a Igreja brasileira neste momento?
Bom, a semente da Missão Integral foi plantada aqui há muito tempo e no começo não havia muita resposta positiva. Mas com o tempo cresceu e agora há outro tipo de oposição e eu creio que nem sempre com uma boa intenção. Mas graças a Deus há muitas igrejas que estão praticando a MI. No nordeste brasileiro muitas igrejas estão fazendo um trabalho muito bom. E este é um encontro que mostra o crescimento da MI, não somente em certos setores do país, mas em geral. Em alguns lugares mais que em outros, mas têm sido muito bom, muito positivo.
O senhor tem algum conselho pastoral para dar àqueles que ainda desejam se engajar na política como meio de praticar a MI?
Bem, é um campo muito difícil porque realmente há muita corrupção em todos os países. Mas creio que vale a pena! Creio que uma necessidade urgente, não somente no Brasil, mas no resto da América Latina, é uma Educação Cidadã. Não temos isso. E as igrejas poderiam tomar muita iniciativa neste sentido. Quais são os direitos e responsabilidades dos cidadãos como tais? Sobre o tema dos Direitos Humanos, creio que o que escutamos agora é muito importante porque é parte de ser bom cidadão, conhecer os direitos e responsabilidades que temos e que o que podemos esperar do Estado.
O senhor acha que a responsabilidade social é um ponto de difícil compreensão entre os cristãos?
Isso é parte da falta de compreensão do que significa a missão da igreja. Em parte pela influência de missionários que vieram de outros países, e em parte porque em geral, a cidadania em geral, não há consciência dos direitos e responsabilidade dos cidadãos. Então no mundo evangélico temos esse mesmo problema. Por isso eu penso que teremos que começar por educar as pessoas em quais são seus direitos e responsabilidades. Qual a responsabilidade do governo, do estado nacional com a cidadania? Porque em nossos países reina a corrupção e há um grupo privilegiado que tira proveito da riqueza do país. Nossos países são ricos, o Brasil é rico, a Argentina também! Mas a riqueza se concentra em poucas mãos.
Qual o principal desafio a MI enfrenta hoje no Brasil e na América Latina?
Neste momento há essa falta de consciência entre os cristãos de que somos cidadãos do Reino de Deus e do mundo. Estamos no mundo, mas não somos do mundo. O que significa isso? Alguns querem poder porque com poder se pode ter mais dinheiro e se aproveitar das posições para proveito próprio e não para servir.
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